sábado, 25 de dezembro de 2010

Natal do Senhor




Quanta alegria invade nossos corações!

Nesta noite histórica, que se transformou no Dia Eterno. O dia em que Deus, o Salvador nos veio visitar.

A Luz verdadeira veio dissipar as trevas da nossa vida. Com outras palavras diríamos: a Graça veio suplantar o pecado. Mas, afinal, o que dizer? Quais palavras usar? Se o Verbo Divino e Eterno, o Altíssimo Deus se fez o Pequenino Deus.

Quão humilde nosso Deus, Santíssimo veio habitar em meio aos pecadores. Não por acaso, mas para nos tornar santos como Ele é Santo.

Um abençoado Natal do Senhor!



Emerson Mozart

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

ASSUNÇÃO DE NOSSA SENHORA


Maria no plano da Salvação

Diversas vezes Jesus foi identificado como a luz, já no Evangelho Ele se identifica como a luz do mundo que veio iluminar e dissipar todas as trevas (Jo 8,12). Cristo gerado antes de todos os séculos, procede diretamente do Pai, “Luz da Luz”. E por desígnio de seu Pai entrou na história, não de forma mágica, mas nascido de uma mulher (cf. Gl 4,4). Esta por sua vez representa todo o seu povo à espera da vinda do Messias. O nome desta mulher é Maria, considerada Aurora da Salvação, pois trouxe em seu seio Jesus Cristo a Luz do mundo, aquele que veio trazer a vida divina, a salvação para a humanidade inteira.
Na plenitude dos tempos, Deus preparou uma virgem com a finalidade de ser mãe de seu Filho no mundo. Por esta razão Maria foi concebida imaculada, sem pecado, a fim de receber santamente o Salvador. Para que, isentos do pecado, tanto o Filho como a mãe, fossem o novo Adão e a nova Eva. Pois, já que por Adão e Eva, nossos primeiros pais, tornamo-nos pecadores, por meio de Jesus e Maria fomos regenerados definitivamente. Todavia, é preciso esclarecer que Maria não assume aqui a função de “salvadora” da humanidade, mas foi a primeira a experimentar dessa graça santificante e ao mesmo tempo a primeira a colocar-se a seu serviço. Para isso Maria confiante se entregou nas mãos do Pai, submetendo sua vontade a vontade do Pai, quando disse livremente: “Ecce ancílla Dómini: Fiat mihi secundum verbum tuum!” (cf. Lc 1,38). No entanto, o sim de Maria foi como que aurora para o sim definitivo e sem reservas de Jesus Cristo, que apagou o pecado da humanidade. Tudo isso, revela que Deus respeita a liberdade do ser humano até as últimas conseqüências. Ele só salvou o homem porque este escolheu a salvação. Maria, na história da salvação é modelo de toda a humanidade, que deseja a Deus e sua salvação. Isso porque, fazendo a sua vontade, a exemplo de Maria nos configuramos a Cristo e formamos com Ele uma só família.
Sendo assim, podemos concluir que a presença de Maria na Economia da Salvação é de grande importância. E isto não significa que Deus esteja submetido à vontade de Maria, pelo contrário, Ele nos provou que podemos ser livres mesmo submetidos à sua Vontade. Retomando agora nosso ponto de partida, podemos dizer em conformidade com o que foi dito: Maria traz em si a Luz que é o Cristo. Ela não é a Luz, mas a contém, porque em sua vida foi Deus quem se manifestou, pois foi em virtude do sim de Cristo que ela disse o seu.

domingo, 13 de junho de 2010

ENCERRAMENTO DO ANO SACERDOTAL




Esta cidade, disse o Papa, viveu jornadas inesquecíveis, com a presença de mais de 15 mil sacerdotes de todas as partes do mundo. "Por isso, hoje desejo dar graças a Deus por todos os benefícios que este Ano trouxe para a Igreja em todo o mundo. Ninguém jamais poderá medi-los, mas certamente estão visíveis e serão ainda mais visíveis os seus frutos."


domingo, 16 de maio de 2010


ATO DE CONFIANÇA E CONSAGRAÇÃO
DOS SACERDOTES AO IMACULADO CORAÇÃO DE MARIA
ORAÇÃO DO PAPA BENTO XVI

Mãe Imaculada,
neste lugar de graça,
convocados pelo amor do vosso Filho Jesus,
Sumo e Eterno Sacerdote, nós,
filhos no Filho e seus sacerdotes,
consagramo-nos ao vosso Coração materno,
para cumprirmos fielmente a Vontade do Pai.
Estamos cientes de que, sem Jesus,
nada de bom podemos fazer (cf. Jo 15, 5)
e de que, só por Ele, com Ele e n’Ele,
seremos para o mundo
instrumentos de salvação.
Esposa do Espírito Santo,
alcançai-nos o dom inestimável
da transformação em Cristo.
Com a mesma força do Espírito que,
estendendo sobre Vós a sua sombra,
Vos tornou Mãe do Salvador,
ajudai-nos para que Cristo, vosso Filho,
nasça em nós também.
E assim possa a Igreja
ser renovada por santos sacerdotes,
transfigurados pela graça d'Aquele
que faz novas todas as coisas.
Mãe de Misericórdia,
foi o vosso Filho Jesus que nos chamou
para nos tornarmos como Ele:
luz do mundo e sal da terra
(cf. Mt 5, 13-14).
Ajudai-nos,
com a vossa poderosa intercessão,
a não esmorecer nesta sublime vocação,
nem ceder aos nossos egoísmos,
às lisonjas do mundo
e às sugestões do Maligno.
Preservai-nos com a vossa pureza,
resguardai-nos com a vossa humildade
e envolvei-nos com o vosso amor materno,
que se reflecte em tantas almas
que Vos são consagradas
e se tornaram para nós
verdadeiras mães espirituais.
Mãe da Igreja,
nós, sacerdotes,
queremos ser pastores
que não se apascentam a si mesmos,
mas se oferecem a Deus pelos irmãos,
nisto mesmo encontrando a sua felicidade.
Queremos,
não só por palavras mas com a própria vida,
repetir humildemente, dia após dia,
o nosso « eis-me aqui».
Guiados por Vós,
queremos ser Apóstolos
da Misericórdia Divina,
felizes por celebrar cada dia
o Santo Sacrifício do Altar
e oferecer a quantos no-lo peçam
o sacramento da Reconciliação.
Advogada e Medianeira da graça,
Vós que estais totalmente imersa
na única mediação universal de Cristo,
solicitai a Deus, para nós,
um coração completamente renovado,
que ame a Deus com todas as suas forças
e sirva a humanidade como o fizestes Vós.
Repeti ao Senhor aquela
vossa palavra eficaz:
« não têm vinho » (Jo 2, 3),
para que o Pai e o Filho derramem sobre nós,
como que numa nova efusão,
o Espírito Santo.
Cheio de enlevo e gratidão
pela vossa contínua presença no meio de nós,
em nome de todos os sacerdotes quero,
também eu, exclamar:
« Donde me é dado que venha ter comigo
a Mãe do meu Senhor?» (Lc 1, 43).

Mãe nossa desde sempre,
não Vos canseis de nos visitar,
consolar, amparar.
Vinde em nosso socorro
e livrai-nos de todo o perigo
que grava sobre nós.
Com este acto de entrega e consagração,
queremos acolher-Vos de modo
mais profundo e radical,
para sempre e totalmente,
na nossa vida humana e sacerdotal.
Que a vossa presença faça reflorescer o deserto
das nossas solidões e brilhar o sol
sobre as nossas trevas,
faça voltar a calma depois da tempestade,
para que todo o homem veja a salvação
do Senhor,
que tem o nome e o rosto de Jesus,
reflectida nos nossos corações,
para sempre unidos ao vosso!
Assim seja!

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Caminho da ressurreição




Nossa existência se faz num caminho, que percorremos do nascimento à morte natural. Mas como seres humanos, não temos uma vida reduzida somente a isso, nossa caminhada existencial é marcada por questionamentos fundamentais, sobre a vida e até sobre a morte. Essas indagações são de algum modo, concretizadas em nossa vida por intermédio de posicionamentos que tomamos, escolhas que fazemos e até mesmo modos de viver que escolhemos. Dessa maneira, encontramos razões para nossa existência, que nos encorajam a empenhar toda a nossa vida.
O Povo de Deus fez esse percurso da obscuridade à luz, a partir de Abraão, o pai dos hebreus, passando por Moisés até chega a Jesus, o povo caminhou em busca do sentido de sua existência. A culminância desse caminho foi o acontecimento da encarnação do Verbo, pela qual Deus mesmo vem dar o sentido último da vida do homem. Mas para acolher essa revelação faz-se necessário abrir o coração à luz da fé como aconteceu no caminho para Emaús (cf. Lc 24, 15-17. 25-27).
No caminho crescemos na fé, encontramos razões para nossa esperança (cf. IPd 3, 15b). A analogia do caminho sempre foi muito ajustada para o cristianismo, pois faz parte de sua proposição fundamental, essa metodologia processual. Característica fundamental que com certeza foi herdada da experiência judaica, que sempre viveu essa dimensão de povo peregrino, chamado a ser luz dos povos. É no caminho que deixamos para trás velhas práticas que não nos ajudam, como também a prendemos que não somos eternos e que as coisas desse mundo são efêmeras (cf. I Cor 7, 31b; I Jo 2, 15-17), mas também no caminho descobrimos que somos herdeiro de um bem maior que ultrapassa todas as coisas, Deus.
Acredito que foi essa a experiência fundamental da vida de São Paulo. Lucas quando narra em Atos dos Apóstolos a conversão de Saulo (cf. At 9, 1-20), não quer transmitir um acontecimento mágico e fantasioso. Pelo contrário, relata que Paulo faz essa passagem de perseguidor dos que já eram do Caminho (At 9, 2), para um seguidor do Caminho (Gl 1, 12-24). Antes de sua conversão não enxergava com os olhos da fé, mas estava preso as suas convicções que lhe impossibilitava de progredir na mesma fé. Somente quando foi atingido pela luz da Verdade de Jesus é que pôde se deixar conduzir pela comunidade dos seguidores do Caminho. A comunidade lhe retirou as “escamas dos olhos”, e lhe conferiu a missão de fazer com que outros também enxergassem a mesma luz.
Por fim, o caminho que o Evangelho que nos ensinar é o caminho da ressurreição. Isso significa que nossa vida deve passar por uma fundamental e radical transformação. A ressurreição de Cristo nos impele. Não podemos nos conformar com a morte e com tudo que só conduz a ela. Devemos buscar cada vez mais viver a vida verdadeira conquistada por Cristo na cruz.

terça-feira, 6 de abril de 2010

quarta-feira, 31 de março de 2010

TRÍDUO PASCAL


Queridos irmãos e irmãs,
Amanhã terá início o Tríduo Pascal, centro de todo o ano litúrgico, no qual somos convidados, através do silêncio e da oração, a contemplar o mistério da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor. Como prelúdio, na manhã da Quinta-feira Santa, celebramos a Missa do Crisma, na qual são consagrados os santos óleos e os sacerdotes renovam as promessas da sua ordenação, gesto que neste Ano Sacerdotal assume um significado especial. Ao entardecer do mesmo dia, comemoramos a instituição da Eucaristia e o gesto do lava-pés visto como uma representação da vida entrega de Jesus com o seu amor levado ao extremo; um amor infinito capaz de habilitar o homem para a comunhão com Deus e torná-lo livre. Na Sexta-feira Santa, fazemos memória do seu sacrifício na Cruz para a nossa redenção. Por fim, após o silêncio do Sábado-Santo, celebramos a Vigília Pascal na qual, com o canto do Aleluia, proclamamos a Ressurreição de Cristo: a vitória da luz sobre as trevas, da vvida sobre a morte
PAPA BENTO XVI
AUDIÊNCIA GERAL Praça de São Pedro
Quarta-feira, 31 de Março de 2010

domingo, 28 de março de 2010

SEMANA SANTA


Neste domingo iniciamos a Grande Semana dos cristãos, na qual celebramos a Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo. O início dessa grande celebração se dá com o Domingo de Ramos, pelo qual recordamos a entrada de Jesus em Jerusalém, para realizar sua entrega total e definitiva ao Pai, por nós.
No contexto do Ano Sacerdotal vale à pena fazer um paralelo entre dois sacerdotes, entre dois sacrifícios. O primeiro sacerdote é figura do segundo, ou seja, é sua prefiguração. Trata-se da relação entre Melquisedec e Jesus. Melquisedec é um personagem que não possui origem, nem muito menos fim. Tudo o que se sabe dele é que foi o primeiro a oferecer um sacrifício de pão e vinho e que era rei de Salém. “E seu nome significa, em primeiro lugar, ‘Rei de Justiça’; e, depois, ‘Rei de Salém’, o que quer dizer ‘Rei da Paz’.” (Hb7, 2) Também Abraão entregou para ele o dízimo de tudo (cf. Gn 14, 20), reconhecendo, assim, sua superioridade no que se refere a relação com Deus. Desse modo Melquisedec pode ser considerado maior que Abraão, em virtude de seu sacerdócio, que por sua vez é anterior à Lei e ao sacerdócio levítico. Por Abraão, ter se colocado de modo inferior a Melquisedec, o sacerdócio de Levi, que é descendente de Abraão, é inferior ao de Melquisedec. Livre da cronologia histórica, pois como fora dito não possuía nem genealogia, nem posteridade, Melquisedec possuía um sacerdócio eterno.
Em Jesus Cristo compreendemos figura tão emblemática, como Melquisedec. Isso por que é Cristo quem confere todo o sentido dessa história, por meio do acontecimento real de sua vida no mundo. Jesus é Rei-sacerdote, por que veio implantar o Reino da Paz, através do seu sacrifício. Seu sacerdócio na ordem de Melquisedec é superior por que instaura o Reino e realiza a Profecia de sua boca. Por meio de seu sacrifício, dá testemunho de si mesmo, pois através dele entramos na Eternidade, (cf. Hb 5, 6). Sim: “O Senhor jurou e não se arrependerá: Tu és sacerdote para sempre...” (cf. Sl 110, 4; Hb 7, 20s). Sendo o sacerdócio de Cristo eterno é também imutável, perfeito e definitivo; não havendo mais necessidade de outro sacerdócio. Nesse sentido o sacerdote só é autêntico quando se faz na pessoa de Cristo, in persona Christo, quando é alter Christo, (Gl 2, 20).
Por fim, Salém, da qual Melquisedec é rei, foi reconhecida como Jerusalém (cidade da paz) na qual Jesus entra como Rei. O Reino que não é deste mundo é consolidado na cruz, que é o trono de Jesus, invertendo a lógica do mundo. Esse Reino, que como ressalta a Sagrada Liturgia de Cristo Rei, é um reino eterno e universal: reino da verdade e da vida, reino da santidade e da graça, reino da justiça, do amor e da paz. E todas as vezes que rezamos o Pai-nosso ensinado por Cristo, pedimos: “venha a nós vosso reino”. Que ao celebrarmos hoje este memorial da entrada de Jesus em Jerusalém reconhecendo-o e aclamando-o com rei, nos disponhamos a colaborar com ele na construção deste Reino.

segunda-feira, 22 de março de 2010

Oração, jejum e caridade


O tempo da quaresma é um período de renovação da nossa vivência cristã. A Igreja como Mestra da Verdade nos ensina de modo surpreendente, por intermédio de sua liturgia, como celebrar a Páscoa do Senhor e a nossa. Já na quarta-feira de cinzas nos é dada uma nova forma de vivermos nossa espiritualidade de modo mais intenso. Somos convidados a prática mais autêntica da caridade, da oração e do jejum.
O evangelista Mateus nos propõe o segredo como método mais eficaz de nossa experiência com Deus. O tríplice exercício espiritual: caridade, oração e jejum; devem ser praticados no sigilo. Não se trata aqui de algo que deve ser escondido do mundo, mas realizado de tal forma que proporcione uma intimidade com Deus. É diante d’Ele que devemos realizar essas ações. No entanto Ele não é o beneficiado, porque não necessita de nada, pelo contrário é Ele quem nos enriquece. Somos nós que crescemos espiritualmente e como pessoas humanas. Pois quando jejuamos percebemos a fragilidade humana e o quanto sofrem aqueles que nada têm para comer. Algo semelhante acontece quando ofertamos aos nossos irmãos algum bem nosso, notamos o quanto, na maioria das vezes, somos egoístas e que partilhar não tira a vida, mas satisfaz. E na oração Deus nos encoraja para realizarmos o bem, também por meio dela encontramos o verdadeiro sentido de tudo isso. Por que percebemos que só Deus é perfeito e que nós, em contra partida, precisamos d’Ele e uns dos outros.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Solenidade de São josé, esposo de Maria

O texto que se segui dedico ao Protetor da Santa Igreja São José

A necessidade de ouvir

No mundo contemporâneo vivemos numa cultura barulhenta, até se fala de uma poluição sonora, que tem preocupado os médicos. Em contra partida já não somos mais capazes de parar para ouvir as pessoas que estão ao nosso redor. A televisão, o aparelho de som parece seduzir mais, que as relações intersubjetivas. Mais do que nunca precisamos escutar, ouvir verdadeiramente. Não se trata aqui de captar ruídos sonoros, mas realizar uma reflexão interior na qual poderemos encontrar a mais autêntica razão do nosso ser. O ouvir não é apenas uma passividade infrutífera, mas trata-se de uma interação intersubjetiva, o diálogo entre duas pessoas. E a sua finalidade está numa evolução do próprio ser. À medida que nos deparamos com ser do outro, que se desvela por intermédio de sua fala, nos auto-firmamos enquanto sujeitos.
Da Palavra de Deus vemos haurir seu apelo: “Ouve, ó Israel: o Senhor nosso Deus é o único Senhor!”. É da vontade do próprio Deus que nós o escutemos. Mas como realizar uma tão grande coisa, como escutar o Senhor? Ele mesmo nos mostra como é possível realizar tamanha proeza, quando nos precede no ouvir, (Ex 3, 7-9). Aí começa a realizar sua kenosis, ou seja, Deus se enche de compaixão de seu Povo, sente seu sofrimento e mais ainda, assumi como sendo seu. Mas do que nunca podemos afirmar: Deus entende o seu Povo. A encarnação do Verbo Divino, a Paixão, Morte e Ressurreição Jesus Cristo se constitui a expressão máxima dessa escuta (Fl 2, 6-11).
Mas como todo diálogo exige interação, agora é nossa vez de escutar, de ouvir. Assim com Deus assumiu nosso ser, com exceção do pecado, nós precisamos realizar nossa enosis, ou seja, nos deixar divinizar. Pois é Ele quem realiza em nos essa obra, na medida em que nos abandonamos em suas mãos, deixando para traz toda auto-suficiência. É preciso ouvir, deixa-se tocar pelo ser de Deus, só assim assumiremos essa natureza divina comunicada por Ele. Fica claro que ouvir é muito mais que silencia exteriormente, mas colocar-se a disposição, por fim aceitar a transformação do próprio ser. O modo de ouvir Deus assumido pelo Homem Novo é semelhante ao que chamamos de obediência, obedecer (“ob-audire”) que significa, de forma simples, submetesse livremente à palavra ouvida (CIC 144). Em outras palavras trata-se de fazer-se servo, pois só assim seremos considerados filhos (Lc 15, 19).
Maria é o arquétipo perfeito de quem ouve, de quem é obediente, por isso a chamamos a Nova Eva. Pois não se elevou, mas se fez serva (Lc 1, 38. 47) e só assim foi elevada, como acreditamos. Ainda hoje ela nos convida: “Fazei tudo o que ele vos disser” (Jo 2, 5). Eis nosso desafio diante de nossos olhos, mas não se trata de algo que colocamos em prática do dia pra noite e sim de um exercício que devemos praticar ao longo de nossa vida, o mais importante é não desistir.



sexta-feira, 12 de março de 2010

Ainda somos Discípulos do Caminho?


Dos nomes com os quais os seguidores de Jesus foram denominados, podemos recordar um que nunca perdeu a sua atualidade e que está, por assim dizer, na sua natureza. Trata-se do nome de Discípulos do Caminho.
O próprio Senhor se identificou como sendo o Caminho, basta olharmos para o contexto da despedida após a Última Ceia, retratada por João (cf. Jo 14, 1s). Cristo se colocou como o elo estreito, definitivo e insubstituível entre nós e o Pai. Pois, assim foi da vontade do Pai que o Verbo Divino assumindo a nossa natureza, fosse para nós Caminho Divino que nos conduz a Ele. Mas, esse caminho não é longo, nem muito menos intransponível, porque o Senhor vem ao nosso encontro. Em Jesus, no Caminho, nos encontramos com o Pai. A parábola do pai misericordioso (ou filho pródigo) é um belo exemplo do que Deus é capaz de fazer por nós, mesmo quando o abandonamos e desconsideramos a sua existência: “Partiu, então, e foi ao encontro de seu pai. Ele estava ainda ao longe, quando seu pai viu-o, encheu-se de compaixão, correu e lançou-se-lhe ao pescoço, cobrindo-o de beijos” (Lc. 15, 20). De fato, quando estávamos perdidos, na nossa existência, Deus não exitou assumir nossa humanidade, fazendo-se um de nós exceto no pecado. Por isso é que podemos dizer sempre que o primeiro passo é dele, em vista da nossa comunhão com Ele. Evidentemente que isso não nos torna isentos de participação para que ocorra esse encontro. Precisamos tomar a decisão de retornar, assim como fez o filho pródigo, examinar a consciência e realizar uma conversão que se demonstra em uma nova postura de vida.
Os discípulos do Senhor eram chamados de Discípulos do Caminho por que foram encontrados por Jesus. Agora depois da Revelação Plena em Jesus Cristo, peregrinamos na fé, caminhamos como o “Novo Povo de Deus” rumo à vida plena em Deus. Não obstante as alegrias e as esperanças, as dores e as angustias que experimentamos nesse mundo, somos chamados a testemunhar o imensurável amor de Deus, afim de que todos participem das alegrias do Pai. É por essa razão que também nós podemos nos denominar hoje como Discípulos do Caminho. Por que somos seus seguidores, somos seus discípulos, fizemos uma experiência com Ele, por isso estamos no Caminho.

sábado, 6 de março de 2010

A CRUZ: do sofrimento a esperança da Ressurreição

Nós como IGREJA nos alimentamos espiritualmente de muitos dons que o Senhor nos oferece para nossa santificação, entre eles podemos enfatizar nesse tempo a contemplação do misterium magno da Cruz. Nela estão duas presenças: a de Deus e a da humanidade. A primeira percebemos quando contemplamos o Amor sem reservas de Jesus Cristo que dá a sua vida em resgate da nossa, destruída pelo pecado. A segunda sentimos quando refletimos: "Ele assumiu nossas dores, nossos pecados, nossa fragilidade humana e por isso sentiu na sua carne nossos sofrimentos." Duas "presenças" que constitui uma só coisa, o Mistério da nossa Salvação.

No Cristo crucificado vemos o sofrimento de tantos irmãos e irmãs vítimas das injustiças deste mundo. Lá na cruz Cristo experimentou “A ausência de Deus", quantos de nós já não sentimos algo parecido, mas nem por isso podemos deixa de a exemplo de Cristo nos entregar nas mãos do Pai. Dessa experiência nasce o deseja de buscar cada vez mais a vida plena para todos.

Um cristão autêntico não fica estático diante do sofrimento, não se desespera, mas transcende. Na contemplação da cruz, além do sofrimento e da morte enxerga a esperança do Senhor que veio e vem com sol verdadeiro para iluminar nossa história. Por isso vê na cruz também a glória da Ressurreição de Cristo e consequentemente a nossa.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Pobre! Antes de tudo um espírito a ser conquistado



Nos anos que sucederam ao Concílio Ecumênico Vaticano II a Igreja assumiu de modo radical uma postura mais politizada, no intuito de ser cada vez mais fiel a sua missão no mundo. Isso ficou bem visível de modo particular na América latina quando se desenvolveu uma ampla discussão sobre a realidade da pobreza.
Contudo, esse seu afã trouxe certo exagero, pois de forma bem sistemática e intelectual se construiu uma promessa bem utópica e um tanto quanto distante de se realizar, haja vista a tamanha disparidade entre a realidade presente e a realidade prometida. Com uma linguagem com a finalidade de salvaguardar os direitos dos pobres, mas que paradoxalmente não se preocupou com a situação existencial das pessoas, simplesmente não as atingiu. Esse pode ser um motivo que explique a pouca identificação de muitas pessoas com essas teorias[1].
Jesus Cristo, mais que um modelo é o caminho, com o qual devemos nos conformar e percorrer. Isso porque antes de fazer promessas, Ele mostrou com a própria vida como se constrói o Reino de Deus. Antes de exigir direitos, experimentou da injustiça humana. Antes de falar para os pobres e marginalizados, acolheu-os. E quanto aos ricos foram interpelados por sua autoridade, que procedia de sua coerência. Diante disso nos perguntamos: qual atitude as pessoas e o próprio Deus esperam de nós? Como cristãos que somos buscando se assemelhar a Cristo, devemos mostrar um testemunho verdadeiro e um acolhimento autêntico a todos os que sofrem. Apresentar a face misericordiosa de Deus, antes que um puro discurso utópico. É necessário superar o pessimismo que ofusca a presença de Deus na nossa história.
Na verdade os pobres são a riqueza da Igreja, como testemunhou São Lourenço, mas não porque somos seus tutores, mas porque eles guardam e nos ensinam o original espírito cristão, de confiança primordial em Deus e certeza de que as coisas deste mundo passam. Preciosos também porque são os herdeiros por excelência do Reino dos Céus (cf. Mt 5,3), são do mesmo modo equiparados aos pequeninos e humildes, dos quais também é o Reino dos Céus. E quanto a nós que formamos a Igreja, recebemos a missão de acolhê-los (Mc 9,37) e os conduzir ao convívio dos filhos de Deus.
[1] Cf. J. RATZINGER. O Sal da Terra, O Cristianismo e a Igreja Católica no limiar do Terceiro Milênio. Trad. Inês Madeira, Ed. Imago, Rio Janeiro, 2005.

terça-feira, 2 de março de 2010

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Origem da palavra TEOLOGIA

O termo “teologia” surgiu entre os gregos e determinava todo o conteúdo cognitivo acerca dos princípios, bem como do “telos” do homem e de um modo mais amplo e todas as coisas. Desse modo, essa área de conhecimento se assemelhava à metafísica. O próprio Aristóteles chamou sua “ciência primeira” (metafísica) de teologia. Ainda era função de a teologia investigar o “ser” enquanto substancia (eterna separada e imóvel). Todo esse conteúdo filosófico que gerou e deu sentido a teologia não foi abandonada nos primórdios da Igreja. Pelo contrario, para os Padres do período patrístico do inicio da escolástica, não havia distinção entre filosofia e teologia.
Segundo a história do termo teologia, de acordo com um estudo histórico-filosófico tratava-se de composição de duas palavras: logos e Theos; que seriam equivalentes a uma palavra divina. Então percebemos aqui uma raiz grega no termo teologia, composta por duas palavras que não vão simplesmente formar o termo, mas acima disso irão revelar sua identidade e sua intencionalidade. Pois de modo geral teologia é um discurso, ou palavra sobre Deus, ou a parti dele. Do mesmo modo, é perceptível a presença de duas realidades distintas, mas paradoxalmente confluentes. São elas: A filosofia no que se refere ao discurso e a experiência mística com o sagrado, ou divindade. Também hoje se dar o nome de dialogo entre fé e razão.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Novo tempo, nova esperança

No alvorecer de um novo ano, surge sempre esperança de um tempo novo. Queremos superar nossas dificuldades e limitações e aderir sempre mais ao que é bom.
Na hodiernidade é cada vez mais presente as discurções em torno do aquecimento global e da mudança climática. Muitos grupos apelam para uma "consciência ambiental" e até já se ençanham politicas com essas preocupações.
Enfim, o ser humano é convidado a um mudança de comportamento diante da natureza. Isso é muito importante, mas não é o bastante. É preciso um mudança de consciência, que possa orientar todos os homens e o homem todo para o BEM. NÃO ADIANTA SE PREOCUPAR SÓ COM O EXTERIOR, É PRECISO ANTES DE TUDO UMA MUDANÇA INTERIOR QUE GARANTA UMA TRANSFORMAÇÃO VERDADEIRA DO MUNDO.