sábado, 6 de março de 2010

A CRUZ: do sofrimento a esperança da Ressurreição

Nós como IGREJA nos alimentamos espiritualmente de muitos dons que o Senhor nos oferece para nossa santificação, entre eles podemos enfatizar nesse tempo a contemplação do misterium magno da Cruz. Nela estão duas presenças: a de Deus e a da humanidade. A primeira percebemos quando contemplamos o Amor sem reservas de Jesus Cristo que dá a sua vida em resgate da nossa, destruída pelo pecado. A segunda sentimos quando refletimos: "Ele assumiu nossas dores, nossos pecados, nossa fragilidade humana e por isso sentiu na sua carne nossos sofrimentos." Duas "presenças" que constitui uma só coisa, o Mistério da nossa Salvação.

No Cristo crucificado vemos o sofrimento de tantos irmãos e irmãs vítimas das injustiças deste mundo. Lá na cruz Cristo experimentou “A ausência de Deus", quantos de nós já não sentimos algo parecido, mas nem por isso podemos deixa de a exemplo de Cristo nos entregar nas mãos do Pai. Dessa experiência nasce o deseja de buscar cada vez mais a vida plena para todos.

Um cristão autêntico não fica estático diante do sofrimento, não se desespera, mas transcende. Na contemplação da cruz, além do sofrimento e da morte enxerga a esperança do Senhor que veio e vem com sol verdadeiro para iluminar nossa história. Por isso vê na cruz também a glória da Ressurreição de Cristo e consequentemente a nossa.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Pobre! Antes de tudo um espírito a ser conquistado



Nos anos que sucederam ao Concílio Ecumênico Vaticano II a Igreja assumiu de modo radical uma postura mais politizada, no intuito de ser cada vez mais fiel a sua missão no mundo. Isso ficou bem visível de modo particular na América latina quando se desenvolveu uma ampla discussão sobre a realidade da pobreza.
Contudo, esse seu afã trouxe certo exagero, pois de forma bem sistemática e intelectual se construiu uma promessa bem utópica e um tanto quanto distante de se realizar, haja vista a tamanha disparidade entre a realidade presente e a realidade prometida. Com uma linguagem com a finalidade de salvaguardar os direitos dos pobres, mas que paradoxalmente não se preocupou com a situação existencial das pessoas, simplesmente não as atingiu. Esse pode ser um motivo que explique a pouca identificação de muitas pessoas com essas teorias[1].
Jesus Cristo, mais que um modelo é o caminho, com o qual devemos nos conformar e percorrer. Isso porque antes de fazer promessas, Ele mostrou com a própria vida como se constrói o Reino de Deus. Antes de exigir direitos, experimentou da injustiça humana. Antes de falar para os pobres e marginalizados, acolheu-os. E quanto aos ricos foram interpelados por sua autoridade, que procedia de sua coerência. Diante disso nos perguntamos: qual atitude as pessoas e o próprio Deus esperam de nós? Como cristãos que somos buscando se assemelhar a Cristo, devemos mostrar um testemunho verdadeiro e um acolhimento autêntico a todos os que sofrem. Apresentar a face misericordiosa de Deus, antes que um puro discurso utópico. É necessário superar o pessimismo que ofusca a presença de Deus na nossa história.
Na verdade os pobres são a riqueza da Igreja, como testemunhou São Lourenço, mas não porque somos seus tutores, mas porque eles guardam e nos ensinam o original espírito cristão, de confiança primordial em Deus e certeza de que as coisas deste mundo passam. Preciosos também porque são os herdeiros por excelência do Reino dos Céus (cf. Mt 5,3), são do mesmo modo equiparados aos pequeninos e humildes, dos quais também é o Reino dos Céus. E quanto a nós que formamos a Igreja, recebemos a missão de acolhê-los (Mc 9,37) e os conduzir ao convívio dos filhos de Deus.
[1] Cf. J. RATZINGER. O Sal da Terra, O Cristianismo e a Igreja Católica no limiar do Terceiro Milênio. Trad. Inês Madeira, Ed. Imago, Rio Janeiro, 2005.

terça-feira, 2 de março de 2010

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Origem da palavra TEOLOGIA

O termo “teologia” surgiu entre os gregos e determinava todo o conteúdo cognitivo acerca dos princípios, bem como do “telos” do homem e de um modo mais amplo e todas as coisas. Desse modo, essa área de conhecimento se assemelhava à metafísica. O próprio Aristóteles chamou sua “ciência primeira” (metafísica) de teologia. Ainda era função de a teologia investigar o “ser” enquanto substancia (eterna separada e imóvel). Todo esse conteúdo filosófico que gerou e deu sentido a teologia não foi abandonada nos primórdios da Igreja. Pelo contrario, para os Padres do período patrístico do inicio da escolástica, não havia distinção entre filosofia e teologia.
Segundo a história do termo teologia, de acordo com um estudo histórico-filosófico tratava-se de composição de duas palavras: logos e Theos; que seriam equivalentes a uma palavra divina. Então percebemos aqui uma raiz grega no termo teologia, composta por duas palavras que não vão simplesmente formar o termo, mas acima disso irão revelar sua identidade e sua intencionalidade. Pois de modo geral teologia é um discurso, ou palavra sobre Deus, ou a parti dele. Do mesmo modo, é perceptível a presença de duas realidades distintas, mas paradoxalmente confluentes. São elas: A filosofia no que se refere ao discurso e a experiência mística com o sagrado, ou divindade. Também hoje se dar o nome de dialogo entre fé e razão.