quarta-feira, 31 de março de 2010

TRÍDUO PASCAL


Queridos irmãos e irmãs,
Amanhã terá início o Tríduo Pascal, centro de todo o ano litúrgico, no qual somos convidados, através do silêncio e da oração, a contemplar o mistério da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor. Como prelúdio, na manhã da Quinta-feira Santa, celebramos a Missa do Crisma, na qual são consagrados os santos óleos e os sacerdotes renovam as promessas da sua ordenação, gesto que neste Ano Sacerdotal assume um significado especial. Ao entardecer do mesmo dia, comemoramos a instituição da Eucaristia e o gesto do lava-pés visto como uma representação da vida entrega de Jesus com o seu amor levado ao extremo; um amor infinito capaz de habilitar o homem para a comunhão com Deus e torná-lo livre. Na Sexta-feira Santa, fazemos memória do seu sacrifício na Cruz para a nossa redenção. Por fim, após o silêncio do Sábado-Santo, celebramos a Vigília Pascal na qual, com o canto do Aleluia, proclamamos a Ressurreição de Cristo: a vitória da luz sobre as trevas, da vvida sobre a morte
PAPA BENTO XVI
AUDIÊNCIA GERAL Praça de São Pedro
Quarta-feira, 31 de Março de 2010

domingo, 28 de março de 2010

SEMANA SANTA


Neste domingo iniciamos a Grande Semana dos cristãos, na qual celebramos a Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo. O início dessa grande celebração se dá com o Domingo de Ramos, pelo qual recordamos a entrada de Jesus em Jerusalém, para realizar sua entrega total e definitiva ao Pai, por nós.
No contexto do Ano Sacerdotal vale à pena fazer um paralelo entre dois sacerdotes, entre dois sacrifícios. O primeiro sacerdote é figura do segundo, ou seja, é sua prefiguração. Trata-se da relação entre Melquisedec e Jesus. Melquisedec é um personagem que não possui origem, nem muito menos fim. Tudo o que se sabe dele é que foi o primeiro a oferecer um sacrifício de pão e vinho e que era rei de Salém. “E seu nome significa, em primeiro lugar, ‘Rei de Justiça’; e, depois, ‘Rei de Salém’, o que quer dizer ‘Rei da Paz’.” (Hb7, 2) Também Abraão entregou para ele o dízimo de tudo (cf. Gn 14, 20), reconhecendo, assim, sua superioridade no que se refere a relação com Deus. Desse modo Melquisedec pode ser considerado maior que Abraão, em virtude de seu sacerdócio, que por sua vez é anterior à Lei e ao sacerdócio levítico. Por Abraão, ter se colocado de modo inferior a Melquisedec, o sacerdócio de Levi, que é descendente de Abraão, é inferior ao de Melquisedec. Livre da cronologia histórica, pois como fora dito não possuía nem genealogia, nem posteridade, Melquisedec possuía um sacerdócio eterno.
Em Jesus Cristo compreendemos figura tão emblemática, como Melquisedec. Isso por que é Cristo quem confere todo o sentido dessa história, por meio do acontecimento real de sua vida no mundo. Jesus é Rei-sacerdote, por que veio implantar o Reino da Paz, através do seu sacrifício. Seu sacerdócio na ordem de Melquisedec é superior por que instaura o Reino e realiza a Profecia de sua boca. Por meio de seu sacrifício, dá testemunho de si mesmo, pois através dele entramos na Eternidade, (cf. Hb 5, 6). Sim: “O Senhor jurou e não se arrependerá: Tu és sacerdote para sempre...” (cf. Sl 110, 4; Hb 7, 20s). Sendo o sacerdócio de Cristo eterno é também imutável, perfeito e definitivo; não havendo mais necessidade de outro sacerdócio. Nesse sentido o sacerdote só é autêntico quando se faz na pessoa de Cristo, in persona Christo, quando é alter Christo, (Gl 2, 20).
Por fim, Salém, da qual Melquisedec é rei, foi reconhecida como Jerusalém (cidade da paz) na qual Jesus entra como Rei. O Reino que não é deste mundo é consolidado na cruz, que é o trono de Jesus, invertendo a lógica do mundo. Esse Reino, que como ressalta a Sagrada Liturgia de Cristo Rei, é um reino eterno e universal: reino da verdade e da vida, reino da santidade e da graça, reino da justiça, do amor e da paz. E todas as vezes que rezamos o Pai-nosso ensinado por Cristo, pedimos: “venha a nós vosso reino”. Que ao celebrarmos hoje este memorial da entrada de Jesus em Jerusalém reconhecendo-o e aclamando-o com rei, nos disponhamos a colaborar com ele na construção deste Reino.