segunda-feira, 3 de maio de 2010

Caminho da ressurreição




Nossa existência se faz num caminho, que percorremos do nascimento à morte natural. Mas como seres humanos, não temos uma vida reduzida somente a isso, nossa caminhada existencial é marcada por questionamentos fundamentais, sobre a vida e até sobre a morte. Essas indagações são de algum modo, concretizadas em nossa vida por intermédio de posicionamentos que tomamos, escolhas que fazemos e até mesmo modos de viver que escolhemos. Dessa maneira, encontramos razões para nossa existência, que nos encorajam a empenhar toda a nossa vida.
O Povo de Deus fez esse percurso da obscuridade à luz, a partir de Abraão, o pai dos hebreus, passando por Moisés até chega a Jesus, o povo caminhou em busca do sentido de sua existência. A culminância desse caminho foi o acontecimento da encarnação do Verbo, pela qual Deus mesmo vem dar o sentido último da vida do homem. Mas para acolher essa revelação faz-se necessário abrir o coração à luz da fé como aconteceu no caminho para Emaús (cf. Lc 24, 15-17. 25-27).
No caminho crescemos na fé, encontramos razões para nossa esperança (cf. IPd 3, 15b). A analogia do caminho sempre foi muito ajustada para o cristianismo, pois faz parte de sua proposição fundamental, essa metodologia processual. Característica fundamental que com certeza foi herdada da experiência judaica, que sempre viveu essa dimensão de povo peregrino, chamado a ser luz dos povos. É no caminho que deixamos para trás velhas práticas que não nos ajudam, como também a prendemos que não somos eternos e que as coisas desse mundo são efêmeras (cf. I Cor 7, 31b; I Jo 2, 15-17), mas também no caminho descobrimos que somos herdeiro de um bem maior que ultrapassa todas as coisas, Deus.
Acredito que foi essa a experiência fundamental da vida de São Paulo. Lucas quando narra em Atos dos Apóstolos a conversão de Saulo (cf. At 9, 1-20), não quer transmitir um acontecimento mágico e fantasioso. Pelo contrário, relata que Paulo faz essa passagem de perseguidor dos que já eram do Caminho (At 9, 2), para um seguidor do Caminho (Gl 1, 12-24). Antes de sua conversão não enxergava com os olhos da fé, mas estava preso as suas convicções que lhe impossibilitava de progredir na mesma fé. Somente quando foi atingido pela luz da Verdade de Jesus é que pôde se deixar conduzir pela comunidade dos seguidores do Caminho. A comunidade lhe retirou as “escamas dos olhos”, e lhe conferiu a missão de fazer com que outros também enxergassem a mesma luz.
Por fim, o caminho que o Evangelho que nos ensinar é o caminho da ressurreição. Isso significa que nossa vida deve passar por uma fundamental e radical transformação. A ressurreição de Cristo nos impele. Não podemos nos conformar com a morte e com tudo que só conduz a ela. Devemos buscar cada vez mais viver a vida verdadeira conquistada por Cristo na cruz.